Segue comunicado da Federação Nacional Mineira do Peru:
“Em circunstancias de que mais de dois mil trabalhadores mineiros da Cia. de Mineração Raura S.A. de propriedade do Grupo econômico Financeiro Brescia, se encontram em GREVE GERAL INDEFINIDA desde o dia 3 de janeiro de 2014, contra as agressões e demissões massivas que pretende impor dita empresa de mineração contra seus trabalhadores, um contingente policial de mais de 300 efetivos trazidos especialmente da cidade de Huánuco, desde as 5:00 da manhã de hoje, 8 de janeiro, reprimindo violentamente os trabalhadores em greve pacífica; DISPARANDO diretamente contra o grupo de trabalhadores PROJETEIS, BALAS DE CHUMBO, BOMBAS DE GAZ LACRIMOGÊO, DEIXANDO UM SALDO DE 10 MINEIROS FERIDOS, entre eles, o Secretário Geral Adjunto da Federação Nacional Mineira Sr. VIDAL ESPINOZA LARA, que se encontra ferido no olho, no braço e no ombro. Estes condenáveis atos se originou devido à política de conflito e provocadora que vem desenvolvendo a administração que encabeça o novo Gerente de Operações, Eng. EUSTERIO HUERTA LEON, o mesmo que foi contratado especialmente para aplicar programas de demissões massivas de mais de 800 trabalhadores, tanto dos Contratos Especiais ou Terceirizados, como também de trabalhadores da mesma Empresa de Mineração Raura S.A.
O acionar provocativo e anti-sindical da empresa tem como antecedente imediato o prepotente descumprimento da Resolução Diretorial Nº 02-2013 DPSC-DRTPE-HCO datado 22 de janeiro de 2013, que dispõe a incorporação na planilha de 152 trabalhadores terceirizados por descaracterização de contratos de trabalho, segundo ata de Infração Nº 63-2012 de 31 de julho de 2012, resolvido com a Resolução Sub-Diretorial Nº 001-26080-2012-SDIHSODGAT-HCO de 26 de novembro de 2012. A empresa, longe de cumprir com esta disposição, procedeu a demissão arbitrariamente dos trabalhadores, o qual provocou a adoção da presente medida de força. Assim mesmo, no cume da provocação anti-sindical, a empresa descumpre a Resolução Diretorial Nacional Nº 002-2007 – MTPE- 2/11/1 de 31 de outubro de 2007, que aprova a Diretiva Nacional que obriga a outorgar uma alimentação balanceada e adequada na forma oportuna e suficiente em qualidade e quantidade que sirva para suprir os esforços, desgastes e recuperação de energias dos trabalhadores que resultam seriamente afetados pela aplicação das jornadas atípicas de 10 e 12 horas diárias.
A empresa, no lugar de dar uma solução aos problemas descritos e chegar a um acordo com os trabalhadores, através do novo Gerente de Operações, o engenheiro EUSTERIO HUERTA LEON, vem promovendo uma política aberta de provocação para aprofundar o conflito laboral; é assim, que com a participação de 300 policiais, vem intimidando indevidamente os trabalhadores que desenvolvem sua greve geral indefinida de maneira pacífica. Contrariando com isso, o livre exercício do direito de greve que a constituição e a lei estabelecem para os trabalhadores.
Como conseqüência da brutal repressão de hoje, foram relatados os seguintes trabalhadores feridos:
1.Vidal Espinoza Lara, Secretário Geral Adjunto da FNTMMSP, ferido com lesão no olho direito, braços e tórax.
2.Ángel Girón Cruz, ferido no pé direito por bomba de gás lacrimogêneo.
3.Chalis Inocente Chávez, ferido com bala no pescoço e enviado para Huacho.
4.Rolando Celis Carbajal, fratura e ferimento no rosto.
5.José Omar Quinto Osorio, ferido com bala no pé direito.
6.Lázaro Rojas Carhua, ferido no tórax, com provável hemorragia interna.
Os efetivos policiais que estiveram no comando do contingente policial são: MAJOR GARCIA NUÑOZ, da jurisdição de Huánuco, Comandante dos efetivos policiais. CAPITÃO TOLEDO, da Jurisdição de Jesús e o Tenente MEZA.
A FNTMMSP, ao condenar e denunciar estes atos exige do governo central sua imediata intervenção a fim de obrigar as empresas de mineração a cumprir a lei e respeitar os direitos do trabalhador mineiro. Esta agressão repressiva, ocorrida no pátio de mineração de Raura, não é uma ação isolada, mas que forma parte de uma aberta política de confronto que os empresários da mineração vem implementando contra os sindicatos e trabalhadores do setor, com o consentimento dos setores empresariais ligados ao governo e com a cumplicidade do Governo Central, que uma vez mais mostra seu distanciamento total dos trabalhadores que o sacramentou no governo para mais tarde ser abandonados à sua própria sorte. Este episódio de prepotência empresarial, como é a repressão no Centro de Mineração de Raura, apenas é possível em um país onde o empresariado possui sólidas influências nas altas esferas do governo. Fato que denunciamos como contrário aos interesses nacionais e contra o trabalho digno de milhares de trabalhadores mineiros que se sacrificam gerando a riqueza do nosso país.
Por tudo isso, a FNTMMSP, chama todos os trabalhadores mineiros do Peru a expressar sua total solidariedade com a luta dos trabalhadores de Raura e dos outros centros de mineração, como MARSA, Poderosa, Chacua, Nueva Califórnia com sua marcha de sacrifício, Genius Iron Mining S.A.C. (MOrritos), Pachapaqui, Toma La Mano, entre outros. Casos que certamente são indiferentes ao governo central, que se demonstra a execução de uma escalada anti-sindical e abusiva do empresariado da mineração contra os trabalhadores e que, apesar de seguir obtendo lucros milionários, pretendem impor suas políticas desumanas de jornadas de trabalho atípico, redução de postos de trabalho, baixos salários e de hostilidade sindical.Lima, janeiro de 2014.
O CONSELHO EXECUTIVO DA FNTMKMSP
PELA UNIDADE DOS MINEIROS DO PERU!
SOLUÇÃO PARA AS DEMANDAS DOS MINEIROS DE RAURA!
NÃO À REPRESSÃO!”