O discurso del compañero Artur Sequeira, membro do Secretariado a FSM, a 2da Día de la Conferencia Internacional Sindical:
Caros Camaradas, Amigos,
Saúdo calorosa e fraternalmente as organizações sindicais dos países árabes e de outros países, bem como os convidados e personalidades que participam nesta importante Conferência da FSM sobre os desenvolvimentos no Mundo Árabe e os posicionamentos sindicais..
Os povos do Médio Oriente, Norte de África e do Mundo Árabe em geral enfrentam enormes desafios e ameaças. Muito recentemente cumpriram-se nove anos desde a invasão e ocupação do Iraque, que conduziu à destruição do seu estado e que assassinou, feriu e causou prolongadas doenças e sofrimento a milhões de cidadãos, naquela que foi – para além de um prolongado e criminoso bloqueio – uma das mais poderosas operações militares do imperialismo na história recente.
Podemos assim dizer que a invasão e ocupação do Iraque pelos EUA, Reino Unido e seus aliados da NATO, foi de facto o ponto de partida para uma nova fase da escalada de agressão e de reforço das posições militares e políticas do imperialismo em todo o Médio Oriente, também já na perspectiva de controlar o Norte de África e tantos países árabes quanto possível.
Do que trata é da criação do chamado “Grande Médio Oriente”, ou seja, uma estrtégia liderada pelos Estados Unidos para reconfigurar totalmente o mundo árabe a favor das suas pretensões hegemónicas. Contando, obviamente, com a clara conivência da União Europeia e de muitos dos seus estados membros.
Claro que esta estratégia de ocupação e agressão tinha antecedentes mais longínquos, através da ocupação da Palestina por Israel em 1948, agravada em 1967 e, alguns anos depois, com as guerras de Israel contra os estados árabes vizinhos, para além, naturalmente, da brutal ocupação da Palestina, dos Montes Golã sírios e do sul do Líbano e das continuadas agressões de Israel a Gaza.
Mas a brutal ofensiva imperialista, iniciada hà nove anos no Iraque, foi não só continuada como aprofundada com a agressão e ocupação do Afeganistão e com outras intervenções, chantagem e pressões imperialistas, não apenas no Médio Oriente, mas também no Mar Arábico e no Norte de África.
Camaradas,
Recentemente, todos nós manifestàmos a nossa profunda revolta e protesto pela vergonhosa agressão e destruição da Líbia, com apoio do Ocidente, a qual causou um número incontável de mortos e feridos e que dividiu em pedaços todo um país e um povo. Sentimos também revolta pelo sofrimento actualmente imposto ao povo sírio, violentamente atacado por milícias terroristas, financiadas e apoiadas por grandes potências estrangeiras e pela sua comunicação social e, infelizmente, por alguns países da região, ao serviço do imperialismo.
E assistimos também às chantagens, ameaças e pressões sobre o Irão e outros países. Todos estes preocupantes desenvolvimentos nos fazem entender com clareza a natureza destas aventuras imperialistas, mas fazem-nos simultaneamente erguer a voz em protesto contra a sua agressiva estratégia global.
O pricipal objectivo desta estratégia imperialista global é o de ganhar uma hegemonia total no Médio Oriente e no Mundo Árabe, sempre utilizando o argumento da “defesa dos direitos humanos”, do “apoio à instalação de regimes democráticos” e da “guerra ao terrorismo”. Mas nós sabemos bem que o que verdadeiramente procuram é aumentar a sua influência, o seu poderio e o dos seus aliados. O seu objectivo é continuarem a assegurar e aumentar a exploração capitalista dos trabalhadores e dos povos da região, bem como incrementar a rapina das riquezas e recursos naturais, especialmente do petróleo, do gás e da água.
Camaradas,
Muito se tem dito sobre a chamada “Primavera Árabe”. Não podemos deixar-nos enganar pela operação de popaganda extremamente poderosa, dirigida pelas grandes potências ocidentais, em relação às transformações ocorridas em países como o Egipto, a Tunísia ou outros. É um facto que nalguns desses países existia e existe um sentimento e desejo do povo em conseguir mudanças democráticas e que as forças sindicais e políticas progressistas lutavam hà muitos anos por estas mudanças. Mas o facto é que o capitalismo tenta utilizar estas sentimentos, através da ingerência, para obstaculizar as lutas populares e fazer reverter as mudanças políticas uma vez mais a favor dos seus objectivos hegemónicos e neo-coloniais.
A FSM e o movimento sindical de classe seguem com grande atenção a evolução do movimento sindical e operário no Mundo Árabe. A região atravessa profundas mudanças políticas que resultam da ofensiva imperialista, mas também da crescente resistência e luta popular pela soberania nacional e, no que respeita aos movimentos sindicais, por direitos no trabalho, contra a exploração capitalista, pela paz e pela justiça social.
Assim, neste contexto, seguimos, por um lado, os esforços dos movimentos sindicais classistas do Mundo Árabe para reforçarem as lutas dos trabalhadores contra a exploração capitalista e contra a ofensiva imperialista e, por outro, a ingerência e pressão dos sindicatos reformistas e de colaboração de classe para enfraquecer e dividir o Movimento Sindical Árabe. Um vergonhoso exemplo deste ataque à unidade dos sindicatos árabes é a recente proposta de decisão do Conselho de Administração da OIT de retirar o estatuto consultivo que a CISA detem na OIT.
Estimados Camaradas,
Quaiquer que sejam os ataques dirigidos contra o movimento sindical progressista e de classe e contra as forças populares, estamos seguros de que a nossa justa causa prevalecerá e vencerá, apesar das tentativas dos nossos adversários. Na nossa luta, somos todos fortemente encorajados por muitos exemplos de firme resistência e determinação dos povos árabes em luta contra o colonialismo e o imperialismo.
Destes exemplos, permitam-me que destaque a heróica luta dos trabalhadores e do povo palestiniano:
• Contra a ocupação de Israel e pelo direito, internacionalmente reconhecido, a um estado livre, soberano e seguro, nas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Leste;
• Pela demolição do muro de separação;
• Pelo desmantelamento dos colonatos;
• Pela libertação imediata dos prisioneiros palestinianos;
• Pelo retorno de todos os refugiados palestinianos.
O direito do povo palestiniano a viver independente e em paz é uma permanente e fundamental fonte de inspiração para todos os os povos do Médio Oriente e de todo o mundo em luta contra a agressão e a ingerência, contra a guerra, pela paz, cooperação e justiça social. A FSM e todos nós estamos inequivocamente ao seu lado.
Termino, saudando uma vez mais os trabalhadores e o movimento sindical de classe do Mundo Árabe, certo de que vencerão, de que todos nós venceremos.
Muito obrigado.